Avaliação da Leitura - Brochura PNEP


Como sabemos, “ler é compreender” e, de acordo com Giasson (1993), esta compreensão resulta da interação de três fatores: Leitor, Texto e Contexto. Estes dividem-se em vários subprocessos que, ao se interrelacionarem, trazem inúmeras vantagens educacionais. Desta forma, este documento centra-se essencialmente nos processos linguísticos que estão agrupados em duas dimensões que são o reconhecimento de palavras e a construção de significado.

Dentro do grupo do reconhecimento de palavras podemos encontrar:

 - os processos percetivos (identificação de letras e palavras);

 - os processos léxicos (reconhecer, com rapidez e perceção, palavras escritas através da via direta (ortográfica) e da via indireta (fonológica)).

Já dentro da construção de significado encontramos os microprocessos, os processos de integração e os macroprocessos.

Os microprocessos englobam a capacidade de formar unidades de significado dentro de frases e a compreensão das diferentes funções que essas unidades podem tomar. Ou seja, as dificuldades de compreensão que um leitor inicial poderá ter, provavelmente, estarão relacionadas com a incapacidade que este terá de formar unidades de significado dentro das frases, devido à sua leitura ainda muito silabada. Assim, um bom tipo de tarefas a realizar será a elaboração de registos de leitura oral. Em relação à compreensão das diferentes funções das unidades de significado, é importante lembrar que a ordem dos constituintes da frase poderá ser uma barreira na compreensão do sentido da mesma. Para avaliar a compreensão destas funções poderão ser utilizados enunciados que as contenham, mas de forma descontextualizada, por exemplo.

Os processos de integração referem-se aos processos que permitem compreender os elementos de coesão e de coerência dentro e entre frases, tais como expressões referenciais anafóricas, conetores e inferências.

As expressões referenciais anafóricas têm como função assegurar a continuidade referencial ao longo de uma frase ou de um texto. Assim, os leitores deverão conseguir associar estas marcas linguísticas às entidades a que se referem. No entanto, quando o referente se encontra muito afastado do pronome que o substitui surgem algumas dúvidas por parte dos leitores. É ainda importante referir que a compreensão destas expressões se torna mais fácil quando têm a função de sujeito do que quando têm a de complemento. Não esquecendo ainda da função catafórica (quando o pronome se encontra antes da palavra que substitui) em que a dificuldade se revela ainda maior. Este processo pode ser avaliado através da inclusão de palavras de substituição de diferentes categorias, com diferentes funções e afastamentos diferenciados.

Os conetores pretendem explicitar a relação entre proposições, deste modo é necessário que o leitor compreenda os seus sentidos. Como tal, poderão ocorrer algumas dificuldades neste processo, uma vez que existem conetores bem mais frequentes na oralidade do que outros. Outra situação que poderá dificultar a compreensão será a omissão do conetor.

As inferências dependem bastante dos conhecimentos extratextuais do leitor, pois a realização das mesmas está relacionada com a sua experiência de vida e dos seus conhecimentos sobre o conteúdo do texto, só assim o leitor poderá compreender o sentido do mesmo. Na avaliação é importante que sejam integrados vários tipos de inferências como de lugar, tempo, ação, entre outros.

Finalmente, os macroprocessos. Estes asseguram a coesão global de um texto para que o leitor compreenda todo o seu sentido. Para isso, é necessário que consiga identificar o tema e a ideia principal do texto, a sua estrutura e, ainda, ser capaz de elaborar um resumo.

No que diz respeito ao tema e à ideia principal do texto poderão existir algumas dificuldades, uma vez que para identificar o que o autor pretende transmitir será necessário que as crianças se coloquem no lugar do outro, o que nesta idade é raro acontecer.

Em relação à estrutura do texto, os leitores deverão saber distinguir quais os procedimentos que fazem partem dos diferentes tipos de textos, só assim conseguirão compreender qual a estrutura do mesmo.

O resumo é também um processo importante de que fazem parte três processos: integração, generalização e seleção de informação.

Assim, existem várias técnicas de avaliação que nos podem ser bastante úteis, tais como testes (estandardizados e informais) e registos de observação da leitura, que poderão ajudar a detetar a origem dos problemas encontrados.

Esta brochura relembra-nos ainda que existem fatores que condicionam a avaliação da leitura, sendo que os devemos ter sempre em conta, tais como: dificuldades ao nível da memória, a motivação, competências de produção, o impacto da avaliação nas crianças e os próprios instrumentos de avaliação que são utilizados.

Para concluir, considero que esta leitura é fundamental, uma vez que explica o quão é importante a avaliação da leitura, pois só ela poderá revelar quais as competências que os alunos já desenvolveram ou não, ajudando os professores a encontrar e a repensar novas estratégias que poderão ser fundamentais para as crianças ao longo deste percurso. Esta brochura torna-se bastante prática e, ao mesmo tempo, explícita dado que nos fornece não só a explicação de cada processo, mas também nos mostra exemplos de como podem ser avaliados, tendo em conta os fatores que condicionam as próprias avaliações, o que na minha opinião, é extramente importante, visto que muitos professores não valorizam estas questões que poderão fazer a diferença. Na minha opinião, a avaliação é essencial para os alunos porque com ela poderão perceber quais os seus pontos fortes e fracos, procurando melhorar e saber o que pode estar na origem das suas dificuldades. Esta leitura, para mim, torna-se num meio fundamental que não deve ser dispensado por nenhum professor, pois apesar do texto poder ter mais exemplos de avaliação em cada processo, está muito bem elaborado e percetível, podendo este ser um fator que promova a criatividade do professor.