João de Deus – Método de Leitura com sentido
O método de leitura João de Deus surgiu no ano de 1876 com a Cartilha Maternal. Cartilha esta que continha todas as lições para os alunos e um Guia Prático para o professor. O objetivo era que o ensino da leitura fosse feito em casa, pelas mães, daí o nome Cartilha Maternal.
Este método apresenta inúmeras vantagens e, no que respeita aos efeitos visuais, ainda hoje não encontrou concorrência. Por exemplo, João de Deus propôs a divisão silábica das palavras sem separar a sua unidade gráfica e sonora, utilizando a estratégia do preto/cinzento o que permite ensinar as sílabas dentro das próprias palavras em que estão inseridas, ensinado assim o código alfabético num contexto lógico e com significado.
Como tal, este método é bastante criativo, inovador, dinâmico e interativo, respeitando sempre o ritmo individual de cada criança. Cada lição é dada a grupos de três ou quatro crianças, uma vez que grupos pequenos tornam as aulas mais vivas, mais dinâmicas, ajudando a equilibrar o comportamento individual de cada aluno. É ainda importante referir que cada um responde de cada vez, no entanto todos estão empenhados numa mesma tarefa. Todos os dias, é dada uma lição diferente. É uma lição curta, mas clara, objetiva e personalizada. O professor/educador regista no gráfico de leitura a lição onde cada criança se encontra, de forma a conseguir avaliar o seu desempenho e evolução.
Principais vantagens deste método:
- Método Interacionista (utiliza estratégias do tipo bottom-up e top-down);
- Estimula as capacidades metacognitivas (inicia o processo apresentando as letras, visualmente, depois os seus sons, de seguida a leitura das palavras e a pronunciação destas como entidades globais de significado próprio);
- Respeita o ritmo individual de cada criança (recurso ao gráfico de leitura, de forma a criar atividades adequadas a cada criança);
- Desenvolve na criança a autocorreção (durante o processo de aprendizagem o aluno é estimulado a ser analista do seu próprio trabalho);
- Promove uma leitura dinâmica e interativa (a não utilização de frases soltas permite ao leitor inserir as palavras dentro dos seus contextos, do seu mundo e dos seus interesses);
- Incentiva a não ler de cor;
- Utiliza mnemónicas na formação temporária dos nomes das consoantes incertas (as consoantes incertas são aquelas que têm mais de um valor ou leitura assim a criação de mnemónicas facilita a leitura, por exemplo: /g/ chama-se jêgue, pois tem 2 valores em gelo e em galo);
- Apresenta o alfabeto de forma criteriosa (parte do mais simples para o mais complexo, ou seja, apresenta uma ordem alfabética organizada de forma fonemática: [i], [u], [o], [a], [e], [v], [f], /j/, [t], [d], [b], [p], [l] (lêlhe), /c/ (cekêxe), /g/ (jêgue), /r/ (rêre), /z/ (zêxe), /s/ (cezêxe), /x/ (kcecezêxe), [m] (metil), [n] (nenhetil), /h/.
Assim, como se pode constatar este é um método bastante interessante e que, ao longo dos tempos, tem demonstrado bons resultados, formando bons leitores.